Pasolini 50/25 11 e 12 de agosto de 2025 Youtube do Campo Discursivo | https://campodiscursivo.paginas.ufsc.br/ MESA 1 | 11 de agosto | 10h O CORVO E O APEDREJAMENTO DE ESTEVÃO Jose Luis Camara Leme O meu propósito nesta comunicação é mostrar que a noção de mutação antropológica deve ser compreendida a partir da sua dimensão inteligível. Com efeito, ignorar esta dimensão não apenas torna as aparentes contradições na descrição pasoliniana do “novo fascismo” passíveis de serem ironicamente desculpadas como fruto de um entusiasmo jeremiádico que sacrifica a coerência à veemência de uma crítica intempestiva, como também abre caminho à sua apropriação por parte do “conformismo esclarecido e inteligente”, que instrumentaliza tais juízos morais ao dissociá-los do seu fundamento espiritual. *** PASOLINI E O TEOREMA DE ISRAEL Luiz Nazario Em 1967, Pasolini publicou uma parte inédita do poema "Israele" (Israel) que suprimira do livro Poesia in forma di rosa (Poesia em forma de rosa), com um texto em que anunciava seu desacordo com a visão da esquerda em relação ao conflito Israel-Palestina. Pasolini protestava contra a simplificação maniqueísta de diversos artigos publicados no jornal comunista L'Unità, unânimes em sua condenação a Israel. Para Pasolini, que se considerava "judeu por cultura e eleição", e que amava os árabes "quase como amo minha mãe", nada no mundo, nem a Palestina, poderia ser dividido em dois. Aos que acusavam Israel de ser um Estado que "nasceu mal", Pasolini indagou: "Que Estado, hoje, livre e soberano, não nasceu mal? E quem de nós poderia garantir aos judeus que no Ocidente não haverá mais algum Hitler ou que na América não haverá novos campos de concentração para drogados, homossexuais e... judeus? Ou que os judeus poderão continuar a viver em paz nos países árabes? [...] E que ajuda se dá ao mundo árabe fingindo ignorar sua vontade de destruir Israel?". Pasolini rejeitava - como Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Herbert Marcuse - a posição anti-Israel que já dominava a esquerda. Analisaremos nesta comunicação o filme-teorema sobre Israel que Pasolini projetou rodar. "A PINÇA DO ESCORPIÃO" E "UM SACO DE LIXO" : PASOLINI NOS POEMAS DE MARIA GRAZIA CALANDRONE E CARLITO AZEVEDO Patricia Peterle Pier Paolo Pasolini é sem dúvida um intelectual que marca o panorama cultural italiano pela resistência, pela escolha de uma estética-deslocada, enfim, por uma poética que exige o estranhamento, chegando em alguns casos no limite do choque. O último romance de Maria Grazia Calandrone (com previsão de publicação para outubro de 2025) se encerra com um poema dedicado a Pasolini. Não é o primeiro texto que a poeta dedica ao autor de Gerarchia. A investigação do amor/desamor que perpassa sua obra, é de certa forma um gesto contra uma visão homologada e aniquiladora de um 'mundo comum'. O último livro de poemas de Carlito Azevedo, Vida: Efeito-V (7letras 2024), volta em formas e temas que fazem parte de seu percurso, como o caráter experimental, a alienação, mas também uma esfera mais íntima. Para além da presença do cadáver mutilado do poeta, o que ser propor é uma reflexão sobre como Maria Grazia Calandrone e Carlito Azevedo retomam, retrabalham e se apropriam em seus respectivos laboratórios a poesia e a figura pasoliniana em nossa contemporaneidade. MESA 2 | 11 de agosto | 14h PASOLINI TEATRO E METATEATRO Maria Betânia Amoroso Entre as tantas atividades e produções de Pasolini, conta a dramaturgia, atividade esta iniciada ainda na década de 1940. Na apresentação falarei de seu teatro e da experimentação proposta para o teatro contemporâneo italiano, nas décadas de 1960 e 1970. *** PASOLINI, OS INTELECTUAIS E A INCONSCIÊNCIA DA HISTÓRIA Vinicius Honesko A partir de meados dos anos 1960, Pier Paolo Pasolini coloca no centro de suas inquietações a figura do intelectual. Escrevendo para revistas e jornais, expõe suas percepções e faz provocações acerca dos modos de ação dos intelectuais e também traça paralelos – alguns famosos, como entre os estudantes do norte da Itália e os policiais do sul – entre a posição do intelectual e figuras culturais que, para ele, seriam cruciais às formas de resistência, sublevação e oposição ao que então denominava de neofascismo. A proposta aqui é analisar a dimensão de uma potência ínsita ao que denomina de inconsciência da história, algo que, para Pasolini, de modo oximórico, só seria perceptível pelo intelectual e que deste estaria distante, justamente por estar presente nas formas de vida ainda alheias às dinâmicas do capitalismo. Para isso, a comunicação abordará as relações do intelectual com o poder e a prática política e a constatação, por parte de Pasolini, dos paradoxos da posição pública do intelectual. PIER PAOLO PASOLINI E A IMPRENSA BRASILEIRA: PERSPECTIVAS DE UMA PRESENÇA MULTIFACETADA Silvana de Gaspari A ideia de pensar a presença de Pier Paolo Pasolini na imprensa brasileira vem de estudos realizados na área dos paratextos que, às vezes, mais do que através dos textos dos próprios autores, nos fazem criar imagens, ideias e contextos que nos remetem a esses artistas, sem que tenhamos lido nem mesmo uma linha de seus escritos. Dessa forma, a proposta aqui é apresentar um pouco deste autor italiano através daquilo que se publicou sobre ele em alguns jornais brasileiros e como sua figura se apresentou aos nossos leitores, evidenciando temas como literatura, cinema, poesia, prosa, crítica literária e social e até mesmo futebol. MESA 3 | 12 de agosto | 14h ANOTAÇÕES SOBRE A “ICONOGRAFIA AMARELADA” DE A DIVINA MIMESIS Cláudia Tavares Alves Resumo: As páginas de A Divina Mimesis, livro escrito por Pier Paolo Pasolini entre 1963 e 1965 com acréscimos feitos em 1975, são acompanhadas por um conjunto de 25 fotografias bastante distintas entre si. Conforme o próprio Pasolini define, são imagens que pretendem “ter a lógica [...] de um (ainda que muito legível) ‘poema visual’” (1975, p. 01). Quais fotografias são essas, o que elas representam e de que maneira criam diálogos com a narrativa em questão são algumas das inquietações suscitadas por essa “iconografia amarelada”, que será aqui investigada enquanto um poema, segundo indicação deixada pelo próprio autor. *** ESCRITURAS E BIOGRAFEMAS QUEER EM PASOLINI Marcio Markendorff A partir da noção de biografema, aliada a perspectivas teóricas queer, proponho investigar como fragmentos da vida de Pier Paolo Pasolini — desejos, gestos, posicionamentos políticos e experiências dissidentes — atravessam suas escrituras ficcionais (literatura e cinema) e fundam uma poética idiossincrática. *** PASOLINI E JARMAN, GAYS MAUS NO CINEMA Atilio Butturi Junior (e Pedro Paulo Venzon Filho) A intervenção se volta para Pasolini e Jarman e a encenação dos gays maus, nos termos de Halperin, Bourcier ou Halberstam, na tríade sexualidade-violência-doença. No limite, entre o cinema de Pasolini e do New Queer Cinema, quero inventariar possíveis deslocamentos de um dispositivo de segurança ligado ao hiv e à normalização. Pasolini 50/25 é uma evento produzido por: Faculdade de Ciência e Tecnologia | Universidade Nova de Lisboa Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC Grupo de Estudos no Campo Discursivo CNPq UFSC É só mais uma crônica | FAPESC
Página oficial da atividade: https://esomaisumacronica.ufsc.br/pasolini
Participante
Inscrições encerradas há 4 meses (11/08/2025)